quarta-feira, 12 de agosto de 2009

Quem me apresentou esse samba do Noel Rosa foi o meu amigo Daniel. Apreciem...

FILOSOFIA

O mundo me condena, e ninguém tem pena
Falando sempre mal do meu nome
Deixando de saber se eu vou morrer de sede
Ou se vou morrer de fome

Mas a filosofia hoje me auxilia
A viver indiferente assim
Nesta prontidão sem fim
Vou fingindo que sou rico
Pra ninguém zombar de mim

Não me incomodo que você me diga
Que a sociedade é minha inimiga
Pois cantando neste mundo
Vivo escravo do meu samba, muito embora vagabundo

Quanto a você da aristocracia
Que tem dinheiro, mas não compra alegria
Há de viver eternamente sendo escrava dessa gente
Que cultiva hipocrisia

Não sei informar a data precisa da composição desta letra, contudo tenho certeza de que foi a, no minimo, setenta anos atrás, uma vez que Noel Rosa morreu no ano de 1937.
Impressionante como a letra é atual, não?


segunda-feira, 10 de agosto de 2009

Realidade


Continuando a serie "REALIDADE" que minha amiga Mayara iniciou em seu blog depois de dar alguns "roles" em sites estrangeiros achei a preciosidade acima. Veja...


Museu da Imagem e do Som

A pouco assistia ao telejornal. A jornalista noticiava que o MUSEU DA IMAGEM E DO SOM deixara´ o predio que fica no centro do Rio e sera´ transferido para um novo predio que sera´ construido no terreno que hoje ainda "sedia" a Discoteca Help, em Copacabana.

Em principio nada me chamou atençao, embora eu nao tenha gostado da mudança de ares. Ate´ que a jornalista relata que o projeto estava sendo disputado por 03 escritorios brasileiros, 01 japones, 01 polones e 01 americano. A partir dai ja´ comecei a nao entender o sentido disso tudo.

Se o museu e´ da IMAGEM E DO SOM, ou seja, se dentro dele estarao arquivados a historia da musica brasileira, por que pensar em dar a construçao desse museu para escritorios estrangeiros? Contraditorio, nao? Acredito que seria muito mais interessante (e teria muito mais sentido) se fosse genuinamente brasileiro.

Minha insatisfaçao se fez completa quando, em sequencia, a jornalista noticiou que o vencedor dessa disputa foi o escritorio... AMERICANO! Hein? E ainda por cima a secretaria estadual da cultura (se nao me engano) aparece dando uma declaraçao de que o projeto dos novaiorquinos era arrojado , bla´ bla´ bla´....

Bela maneira de prestigiar as faculdades brasileiras de arquitetura!

Complicado de compreender aquilo que parece incompreensivel? Nem tanto...

Politica, meu bem. Politica....

sexta-feira, 7 de agosto de 2009

Lágrimas de felicidade

A minha calmaria

Eu teria muitos motivos para desconfiar do que os poetas dizem. Teria mesmo e você sabe disso. Sabe mesmo. É por isso que amo tanto o Vinicius de Moraes: só ele foi sincero comigo e disse que o amor deve ser infinito enquanto dura. Isso me aproximou de você. O amor. A angústia.

Eu teria motivos para desconfiar do que os livros dizem. Teria mesmo e você sabe disso. Sabe mesmo. É por isso que a amo tanto, porque pôde se identificar comigo e mostrar como as palavras são vãs, ocas, dependentes de mim. Eu as manipulei e você as colocou na ordem. Eu as violentei e você as colocou em seu lugar original.

Eu teria motivos para desacreditar no dia seguinte. Teria mesmo e você sabe disso. Sabe mesmo. Você me deu as pedras para que eu pudesse atritá-las e pudesse acreditar no fogo de uma aurora rosada. Vermelha.

Eu teria motivos para odiar. Teria mesmo e você sabe disso. Sabe mesmo. Odiei, mas amei. Passei a amar o que era ofertado a mim. Era o permitido. O que você disse que era permitido. Eu acreditei.

Eu teria motivos para fugir e trocar meu lugar. Você não deixou. Eu até me perguntei o motivo, mas soube, depois, que estaria fugindo de mim mesma. E de você que tanto me ouviu e fez com que eu me ouvisse.

Eu chorei. Pirei. Enlouqueci. Gritei. Parei. Refleti. Acalmei. Percebi que de todos estes motivos você foi o melhor de tudo. Esteve comigo. Desde sempre.


Mayara Neres.


Ela conseguiu traduzir em palavras aquilo que é incompreensível aos olhos dos outros.
E me fez chorar....
Concordo que seria pretensão minha querer que qualquer pessoa que nos circunda compreenda, perfeitamente, o que nos une.
Amizade? Creio que seja um pouco mais do que isso. Sinceramente, não sei definir; e nem quero.
O que importa é que fiquei muito feliz e emocionada ao ler o que escreveu para mim.
"Eu teria motivos para desacreditar no dia seguinte". Entenda: enquanto estiver por perto nunca permitirei que você desacredite do amanhã.
Te adoro, Mayara. Muito.
Bjux

quinta-feira, 6 de agosto de 2009

Depois do jantar.

Depois do jantar
Carlos Drummond de Andrade


Também, que idéia a sua: andar a pé, margeando a Lagoa Rodrigo de Freitas, depois do jantar.
O vulto caminhava em sua direção, chegou bem perto, estacou à sua frente. Decerto ia pedir-lhe um auxílio.
— Não tenho trocado. Mas tenho cigarros. Quer um?
— Não fumo, respondeu o outro.
Então ele queria é saber as horas. Levantou o antebraço esquerdo, consultou o relógio:
— 9 e 17... 9 e 20, talvez. Andaram mexendo nele lá em casa.
— Não estou querendo saber quantas horas são. Prefiro o relógio.
— Como?
— Já disse. Vai passando o relógio.
— Mas ...
— Quer que eu mesmo tire? Pode machucar.
— Não. Eu tiro sozinho. Quer dizer... Estou meio sem jeito. Essa fivelinha enguiça quando menos se espera. Por favor, me ajude.

O outro ajudou, a pulseira não era mesmo fácil de desatar. Afinal, o relógio mudou de dono.
— Agora posso continuar?
— Continuar o quê?
— O passeio. Eu estava passeando, não viu?
— Vi, sim. Espera um pouco.
— Esperar o quê?
— Passa a carteira.
— Mas...
— Quer que eu também ajude a tirar? Você não faz nada sozinho, nessa idade?
— Não é isso. Eu pensava que o relógio fosse bastante. Não é um relógio qualquer, veja bem. Coisa fina. Ainda não acabei de pagar...
— E eu com isso? Então vou deixar o serviço pela metade?
— Bom, eu tiro a carteira. Mas vamos fazer um trato.
— Diga.
— Tou com dois mil cruzeiros. Lhe dou mil e fico com mil.
— Engraçadinho, hem? Desde quando o assaltante reparte com o assaltado o produto do assalto?
— Mas você não se identificou como assaltante. Como é que eu podia saber?
— É que eu não gosto de assustar. Sou contra isso de encostar o metal na testa do cara. Sou civilizado, manja?
— Por isso mesmo que é civilizado, você podia rachar comigo o dinheiro. Ele me faz falta, palavra de honra.
— Pera aí. Se você acha que é preciso mostrar revólver, eu mostro.
— Não precisa, não precisa.
— Essa de rachar o legume... Pensa um pouco, amizade. Você está querendo me assaltar, e diz isso com a maior cara-de-pau.
— Eu, assaltar?! Se o dinheiro é meu, então estou assaltando a mim mesmo.
— Calma. Não baralha mais as coisas. Sou eu o assaltante, não sou?
— Claro.
— Você, o assaltado. Certo?
— Confere.
— Então deixa de poesia e passa pra cá os dois mil. Se é que são só dois mil.
— Acha que eu minto? Olha aqui as quatro notas de quinhentos. Veja se tem mais dinheiro na carteira. Se achar uma nota de 10, de cinco cruzeiros, de um, tudo é seu. Quando eu confundi você com um, mendigo (desculpe, não reparei bem) e disse que não tinha trocado, é porque não tinha trocado mesmo.
— Tá bom, não se discute.
— Vamos, procure nos... nos escaninhos.
— Sei lá o que é isso. Também não gosto de mexer nos guardados dos outros. Você me passa a carteira, ela fica sendo minha, aí eu mexo nela à vontade.
— Deixe ao menos tirar os documentos?
— Deixo. Pode até ficar com a carteira. Eu não coleciono. Mas rachar com você, isso de jeito nenhum. É contra as regras.
— Nem uma de quinhentos? Uma só.
— Nada. O mais que eu posso fazer é dar dinheiro pro ônibus. Mas nem isso você precisa. Pela pinta se vê que mora perto.
— Nem eu ia aceitar dinheiro de você.
— Orgulhoso, hem? Fique sabendo que tenho ajudado muita gente neste mundo. Bom, tudo legal. Até outra vez. Mas antes, uma lembrancinha.

Sacou da arma e deu-lhe um tiro no pé.

Texto extraído do livro "Os dias lindos", Livraria José Olympio Editora — Rio de Janeiro, 1977, pág. 54.

segunda-feira, 3 de agosto de 2009

ANTOLOGIA

Para amarte
Necesito una razón
Y es dificil creer
Que no exista una más
Que este amor

Sobra tanto
Dentro de este corazón
Y apesar de que dicen
Que los años son sabios
Todavía se siente el dolor

Porque todo el tiempo
Que pasé junto a ti
Dejo tejido
Su hilo dentro de mi

Y aprendí a quitarle
Al tiempo los segundos
Tú me hiciste ver el cielo aún más profundo,
Junto a ti
Creo que aumenté más de tres kilos
Con tus tantos dulces besos repartidos
Desarrollaste mi sentido del olfato
Y fue por ti que aprendí a querer los gatos
Despegaste del cemento mis zapatos
Para escapar los dos volando un rato

Pero olvidaste una final instrucción
Porque aunque no sé como vivir sin tu amor
Y descubrí lo que significa una rosa
Me enseñaste a decir mentiras piadosas
Para poder verte a horas no adecuadas
Y a reemplazar palabras por miradas

Y fue por ti que escribí mas de cien canciones
Y hasta perdoné tus equivocaciones
Y conocí mas de mil formas de besar
Y fué por ti que descubri lo que es amar
Lo que es amar ...
Lo que es amar ...

Especialmente para o homem que amo e que REALMENTE me fez descobrir o que é amar.
Te amo, Lincon.
Bjux

quarta-feira, 21 de janeiro de 2009

Estréia

É engraçado iniciar um blog...
Digo engraçado porque essa história de diário virtual andou na moda e até teu seu ápice por tanto tempo e eu não me animei a construir um só pensamento que fosse num cantinho meu.
Contraditório ouvir uma professora de língua portuguesa não querer escrever? Não acho! já escrevo tanto em sala de aula, na minha agenda (afinal de contas, minha memória não é mais a mesma!) etc.
Mas, num rompante, sentei - me a frente do computador, busquei o blogger, acessei e PIMBA! Está feito... CRIA DA LUA...
Não sei com que frequência passarei por aqui, tampouco sei sobre quais temas serão contituídos os meus textos; fatalmente falarei sobre tudo o que cerca minha vida ( ou não).
No mais, vamos esperar e ver qual (e quandoa) será o próximo post.
Até.